HTML 5: conheça a linguagem que vai revolucionar sua navegação na web

Há 10 anos sem atualização, HTML evolui e abre caminho para browsers auto-suficientes com avanços em multimídia e aplicações offline.

Quebrar as barreiras de compatibilidade na exibição de vídeos via internet, aprimorar o uso offline de aplicações web e exibir gráficos interativos com facilidade no browser estão entre os avanços permitidos pela evolução de uma linguagem que ficou uma década sem atualização, o HTML 5.

A quinta versão da linguagem de desenvolvimento HyperText Markup Language (HTML), responsável por organizar e formatar as primeiras páginas que visitamos na internet, é a grande aposta de empresas como Google, Mozilla, Apple e Opera para levar as aplicações à web. A versão final mais recente da linguagem é o HTML 4.0.1, aprovado em 1999.

“Por isso o frisson em relação ao HTML 5. A linguagem ficou muito tempo sem evoluir e as pessoas adotaram maneiras alternativas de resolver os problemas de programação na web”, afirma o professor do departamento de Ciência da Computação do Instituto de Matemática e Estatística (IME) da Universidade de São Paulo (USP), Marco Aurélio Gerosa.

A evolução do HTML influi na forma como os navegadores fazem a leitura dos códigos de programação e montam as páginas web para o internauta.

Apesar de o HTML não ter mudado desde 1999, já passamos por uma boa e recente transformação na forma como escrevemos páginas Web, conta Rodrigo Leme, coordenador de projetos web da agência Espiral Interativa. “Há aproximadamente quatro anos, praticamente todos os sites eram ‘diagramados’ com a utilização do recurso de tabelas do HTML. Com a demanda por páginas mais leves, mais rápidas e com mais recursos, passamos a usar apenas a linguagem Cascading Style Sheet (CSS) para cuidar da parte visual de um site, deixando assim o HTML apenas com o conteúdo estruturado”, explica.
Agora com o conteúdo mais estruturado e, com a continuidade da evolução da web, na qual a organização de conteúdo (web semântica) passou a ser ponto chave, as linguagens de desenvolvimento sofreram uma carência de recursos.

“A coisa mais simples que posso citar é a enorme falta de tags (marcações ou orientações para que o navegador saiba como exibir uma informação) para podermos estruturar as páginas de forma mais concisa e que essas façam mais sentido para que os mecanismos de busca exibam resultados ainda melhores”, afirma Leme.

Com a chegada do HTML 5, o gerente de projetos ainda destaca a oferta de interfaces de programação de aplicações (APIs, na sigla em inglês) para o desenvolvimento de aplicações no browser como acesso offline, recursos gráficos 2D – por meio da tecnologia Canvas – e para áudio e vídeo. “Elas vêm para quebrar o paradigma de que o browser é simplesmente um ‘exibidor de páginas’”, afirma.

“O HTML 5 oferece uma experiência de web mais rica para usuários e ferramentas adicionais a desenvolvedores, que podem criar aplicações mais complexas com base em um conjunto de padrões abertos”, explica Alejandro Villanueva, responsável pelo relacionamento com comunidades de desenvolvedores do Google na América Latina, em entrevista ao IDG Now!.

Multimídia
O avanço na programação de vídeos é o principal destaque do HTML 5. A nova versão da linguagem contempla uma série de tags para objetos multimídia como vídeos, arquivos de áudio e gráficos vetoriais – incluindo animações em linguagem Flash -, que se adaptam ao formato da tela e não precisam ser redesenhados.

Para serviços de vídeos como o YouTube, do Google, o HTML 5 quebra barreiras de compatibilidade com os programas que exibem vídeos em diferentes navegadores.

O Google publicou na internet um protótipo do YouTube baseado em HTML 5 e recentemente fez uma série de demonstrações da aplicação do HTML 5 em seu site de vídeos durante a conferência Google I/O, para desenvolvedores. “Embora seja uma versão experimental do YouTube, ela se mostra bastante promissora” comenta Villanova.
Aplicações offline
Na avaliação do professor Gerosa, a principal mudança provocada pelo HTML 5 será a forma de armazenar os dados na máquina do usuário. “Com o HTML 5 é possível armazenar dados na máquina do cliente, sem que eles tenham de ser guardados no servidor web” afirma.

A mudança também facilita a criação de novas aplicações online que funcionam enquanto o usuário está desconectado e depois são sincronizadas via internet, como o Google Gears, que permite a sincronização de aplicações offline dos programas do Google Apps.

O interesse do Google no HTML 5 se explica pela evolução dos serviços baseados na web – não mais no desktop – já que o HTML 5 conta com tags (marcações) que facilitam o desenvolvimento de aplicações que rodam em servidores web. “É possível criar uma aplicação em interface web com recursos de arrastar e soltar, por exemplo”, destaca Gerosa.

Compatibilidade
Para que os avanços do HTML 5 sejam vistos pelos internautas é necessário criar navegadores compatíveis com a nova linguagem – o Safari 4, da Apple e o novo Firefox 3.5 (ainda em versão beta), prometem compatibilidade. Já nos browsers mais antigos, provavelmente as tags do HTML 5 serão ignoradas, afirma o professor Gerosa.

O navegador Chrome, do Google, já conta com tags de video derivadas do HTML 5 e o Internet Explorer 8, da Microsoft, também apresenta funções da nova linguagem como armazenamento local de dados para acesso offline e navegação na linguagem Ajax.

“Embora o HTML 5 ainda tenha de percorrer um longo caminho para ser finalizado, o Google Chrome já implementou partes da linguagem, incluindo tags de vídeo e suporte à tecnologia Canvas”, observa Villanueva.

O HTML 5 ainda está em testes – sua versão mais recente foi apresentada em janeiro deste ano pelo World Wide Web Consortium (W3C), grupo responsável por desenvolver tecnologias que sejam compatíveis para promover a evolução da web. A versão final do HTML 5 está prevista para 2012, mas a comunidade de desenvolvimento trabalha com o W3C para adiantar o cronograma.

Com a evolução da linguagem, na opinião dos especialistas, os navegadores passam da categoria de meros mostradores de páginas para completos ambientes de desenvolvimento. “Isso, na prática, coloca em risco a existência dos sistemas operacionais completos. Afinal, qual será a necessidade deles em um mundo onde iremos fazer tudo dentro do navegador?” conclui Rodrigo Leme.
Daniela Braun , editora executiva do IDG Now
 

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